segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Alemanha, dicas de passeios

Cidades do norte revelam a história da alemanha e proporcionam um turismo barato, divertido e tranquilo

A história está impressa no DNA da Alemanha e, naturalmente, faz parte de qualquer roteiro turístico pelo país. Decifrar esse DNA significa passar por Berlim, a megalópole, e rumar para as cidades do norte alemão. Na região está o embrião da república alemã, a real extensão da divisão de um país, a escola que ditou as regras da arquitetura no século 20 e um pedaço da história da formação de incontáveis países, que receberam os migrantes alemães. O primeiro sentimento é o de simpatia, acompanhado de uma grande vontade de voltar a uma Alemanha desconhecida.

A Alemanha deve estar no roteiro de qualquer mochileiro ou do viajante mais sofisticado que decidir passar algumas semanas na Europa. A capital, Berlim, é de fato o resumo da importância cultural, política e turística do país, mas não encerra todas as dimensões da Alemanha. A região norte é barata (se comparada a outros destinos tão charmosos quanto essa parte da Europa), divertida e calma. O passeio pode ser todo feito de trem, um sistema que funciona com a tradicional eficiência germânica. Após uns dias em Berlim, a capital das baladas do continente europeu, nada mais diferente do que traçar um roteiro pelo norte alemão.

Uma dica é começar por Weimar, não necessariamente ao norte da Alemanha, mas um excelente ponto de partida. A viagem pode terminar em Bremerhaven, uma cidade portuária que guarda a história da emigração alemã e, consigo, a história de muitos países que receberam grandes comunidades germânicas. O Brasil é um desses países, e Bremerhaven pode revelar a origem de muitas famílias com descendência alemã. Entre as duas pontas do roteiro, Dessau, Helmstedt e Bremen – cada uma com particularidades completamente distintas – são a cara do norte da Alemanha.

A República de Weimar, fundada no fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, abrigou a história de um país que estava muito próximo de conhecer o nazismo. Aliás, o modelo político implementado ofereceu as condições para a tomada de poder por Adolf Hitler, na década de 30. Os dois fatos históricos estão marcados em Weimar. Muito perto da cidade está o Memorial Buchenwald, espaço onde funcionou um campo de concentração até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

O horror do holocausto, empreendido pelos nazistas, aparece em detalhes assustadores do memorial: objetos de uso pessoal dos judeus encarcerados, celas usadas para os castigos, fornos onde milhares de corpos foram cremados. Se o turismo de horror se tornar pesado demais – e de fato é muito pesado visitar um antigo campo de concentração –, o visitante de Weimar pode concentrar sua atenção na arquitetura classicista da cidade. E visitar a casa onde viveu Goethe, a partir de 1775, a casa do escritor Friedrich von Schiller (não tão famoso quanto o amigo) e o museu de arquitetura da Escola de Bauhaus. Weimar é patrimônio da humanidade declarado pela Unesco.

Bauhaus aparece forte em Dessau, uma pequena cidade de 90 mil habitantes. Arquitetura e meio ambiente estão conjugados, como se vê no suntuoso e quase exclusivo prédio da Agência Nacional de Desenvolvimento, uma instituição do governo alemão que concebe políticas de desenvolvimento ambiental. O prédio aplicou um conceito ecológico em sua estrutura. Não tem aparelhos de ar condicionado. A disposição das janelas permite temperaturas agradáveis dentro das salas. Os gastos de energia são mínimos na edificação.

Andar por Dessau é viver a produção mais efervescente da Escola de Bauhaus, um estilo de arquitetura que preza pelo simples, pela linha reta, pela ausência de cores, pela funcionalidade das casas, edifícios e móveis. O complexo de edifícios no estilo de Bauhaus é considerado patrimônio da humanidade pela Unesco. A Fundação Bauhaus ainda repassa a alunos as técnicas da arquitetura limpa e direta. As casas de professores pioneiros viraram atração turística na cidade. Também é patrimônio da humanidade o conjunto de parques e palácios chamado Reino dos Jardins de Dessau-Wörlitz.

Do berço da arquitetura Bauhaus e centro das discussões sobre meio ambiente na Alemanha, o turista pode aproveitar a proximidade a Helmstedt para entender a divisão da Alemanha que vai além da separação entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental. A fronteira entre as duas Alemanhas, que perdurou até 1989, ainda pode ser vista em estacas fincadas, na torre de vigilância que monitorou os comunistas e dentro de um museu que não permite esquecer a prova material da Guerra Fria.

Os alemães passavam por um controle rigoroso na fronteira. As cabines onde eram entregues os passaportes ainda estão lá, ao longo da extinta fronteira, assim como os espaços entre quatro paredes usados para vistoriar carros e gente. Nada podia passar incólume aos olhos dos policiais da Stasi, a força policial da Alemanha Oriental responsável por serviços de espionagem e repressão.

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